26 ago Mesa-redonda discute direitos humanos e papel da Psicologia no rompimento das violações
Na segunda-feira dia 24 de agosto, o CRP-17 promoveu a Mesa-redonda: Violências e Direitos Humanos: o que interessa à psicologia? O evento fez parte da programação da Jornada de Psicologia 2020 e discutiu o impacto das violações de direitos sobre a sociedade, com a participação das psicólogas Cândida Souza e Andréia Garcia e mediação da conselheira Natália Campos.
A psicóloga Cândida Souza, doutora em Psicologia e coordenadora do Centro de Referência em Direitos Humanos Marcos Dionísio (UFRN), fez um resgate histórico da construção dos Direitos Universais e apontou as bases positivistas da psicologia, as quais, por muito tempo, sustentou a neutralidade política dessa Ciência.
Cândida ressaltou avanços, mencionado a importância da atuação do Sistema Conselhos na construção de uma profissão comprometida com a defesa da garantia dos Direitos Humanos. Entre as conquistas, ela menciona a vitória na derrubada do projeto da Cura Gay e a luta antimanicomial.
“A Psicologia deve ser uma Ciência comprometida com as minorias, somos importantes atores de transformação do contexto político e social. Se a gente exclui grupos minoritários, eles não conseguem acessar determinados direitos”, afirmou.
Segundo Cândida é preciso que haja o controle social, a participação ativa nos movimentos, o investimento nas políticas públicas e a defesa da coletividade, para o fomento ao combate da lógica individualizante e aos valores conservadores presentes na sociedade.
Dando continuidade, a psicóloga Andréia Garcia, que atua em Uruguaiana, falou sobre como o sistema socioeconômico produz violações de direitos, e como a Psicologia pode atuar de modo a implicar-se com esses processos políticos e sociais , contribuindo para emancipação humana e para o rompimentos dos padrões capitalista, patriarcal, racista e homofóbico da sociedade brasileira.
Garcia falou ainda sobre sua experiência na clínica e sobre a importância da escuta sobre as violações que ocorrem no âmbito privado, dando ênfase a violência contra as mulheres, visto que a concepção de gênero da sociedade patriarcal ainda reforçam o viés de dominação e opressão sob o feminino, condições que produzem diversas formas de violência no próprio âmbito familiar e nas relações amorosas.
“Há um medo por parte das mulheres na desconstrução das relações abusivas, que favorecem a violência e adoecimento psíquico. Vivemos em uma sociedade patriarcal onde a mulher, assim como outros grupos, são colocados em uma situação de silenciamento e anulação, precisamos romper esses ciclos’’, conclui.
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