Dia da mulher negra latino-americana e caribenha marca luta contra racismo

Dia da mulher negra latino-americana e caribenha marca luta contra racismo

Desde 1992, o dia 25 de julho é considerado um marco na luta de mulheres negras latino-americanas e caribenhas contra opressões causadas pelo machismo e o racismo. Neste dia, também é celebrado o dia de Tereza de Benguela (imagem acima), líder quilombola do século 18 que ajudou comunidades negras e indígenas na resistência à escravidão.

Para o plenário do CRP-17, especialmente para a Comissão de Relações Étnico-Raciais (CRE-r), esta data serve para lembrar a resistência destas mulheres diante das inúmeras formas de violência a que são expostas. Nós, da CRE-r, compreendemos que é necessário estarmos atentos a como os sofrimentos relacionados a essas opressões afetam a saúde física e psíquica dessa população, uma vez que estes impactos são invisibilizados pela concepção de que mulheres negras são fortes e podem suportar qualquer tipo de violência.

No exercício da profissão, como psicólogas e psicólogos, devemos compreender que raça e gênero são elementos que caracterizam as personalidades dos sujeitos, e não podem ser negligenciados em nossas análises nem tampouco nas nossas intervenções. Portanto, para o CRP-RN, as práticas antirracistas e não-sexistas se configuram como importantes instrumentos de combate ao sofrimento psíquico e social e também constituintes da construção de atenção integral aos sujeitos promovendo saúde e prevenindo formas de discriminação.

Em alusão a data, reforçamos a luta pelo fortalecimento das políticas públicas, pela visão crítica da sociedade e o atendimento qualificado às mulheres e meninas negras.

Racismo obstétrico

Segundo o artigo “A cor da dor: iniquidades raciais na atenção pré-natal e ao parto no Brasil’, de 2017, as mulheres negras são as que mais sofrem com a violência obstétrica –  caracterizada pelo racismo institucional nos serviços de saúde. A objetificação da mulher como “negra forte” por médicos é a principal causa da falta de assistência no pré-natal e no parto, levando à relativização do sofrimento da gestante em razão da cor da pele.

Gestantes negras são as que mais peregrinam na hora do parto em busca de maternidade, ficam mais tempo em espera para serem atendidas, têm menos tempo de consulta e são as que menos recebem anestesia para alívio da dor do parto, sendo ainda submetidas a diversas formas de agressões verbais durante o procedimento. Além disso, se comparadas às mulheres brancas, são as que mais estão desacompanhadas durante o parto.

Feminicídio

De acordo com o Atlas da Violência de 2019, nos últimos 10 anos, houve um aumento de 30,7% em crimes de feminicídio. As estatísticas apontam que 60,5% dos casos têm como vítimas mulheres negras.

Transfobia

Segundo o Dossiê sobre Assassinato e Violência Contra Pessoas Trans em 2019, da ANTRA, o Brasil segue sendo o país que mais mata pessoas trans no mundo. Entre os números de assassinatos e outras formas de violência, 97,7% das vítimas eram do gênero feminino e 80% negras.

Papel da Psicologia

A superação do racismo, do preconceito e da discriminação são pautas permanentes da Psicologia e estão documentadas na resolução nº 018/2002 do Conselho Federal de Psicologia (CFP) que estabelece normas de atuação para profissionais da Psicologia em relação a questões raciais, contribuindo para a reflexão e eliminação do racismo.  Na resolução, o CFP afirma que é proibido aos profissionais utilizaram-se de instrumentos ou técnicas psicológicas para criar, manter ou reforçar preconceitos, estigmas, estereótipos ou discriminação racial.

Para orientar a categoria,  o CFP também possui referências técnicas sobre atuação de psicólogas no contexto das Relações Raciais, elaboradas pelo  Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (Crepop).

As resoluções 01/99 e 01/2018 do CFP, a nota técnica de orientação profissional em casos de violência contra a mulher e as Referências técnicas para atuação de psicólogas(os) em Programas de Atenção à Mulher em Situação de Violência também são documentos importantes que subsidiam as(os) profissionais ao se depararem com as diversas condições que atravessam os sujeitos, promovendo atendimentos baseados na dignidade humana e que promovem saúde mental.

 

Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Norte
crprn@crprn.org.br

O CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA DA 17ª REGIÃO é a entidade representativa da psicologia e do exercício da profissão de psicólogo com sede em Natal e jurisdição no Estado do Rio Grande do Norte.

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